Quando a imagem engana: efeito Nocebo, exames de imagem e as 5 Leis Biológicas

Vinicius Stefanelli*

O efeito Nocebo, contrário ao placebo, refere-se ao surgimento de efeitos adversos apenas pela expectativa negativa ou crença de uma pessoa. Ele é psicogênico, ou seja, influenciado pela percepção e pelas crenças, e pode ativar programas biológicos especiais, conforme descrito pelas 5 Leis Biológicas. Em outras palavras, o efeito nocebo é capaz de desencadear os mais diversos sintomas em nosso organismo.

Este artigo discute como a dependência excessiva de exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC), raio-X e ressonância magnética (RM), como critério único diagnóstico pode desencadear efeitos iatrogênicos e Nocebo, especialmente quando alterações estruturais são comunicadas como causas diretas dos sintomas.

Alta prevalência de alterações estruturais em indivíduos assintomáticos

Uma revisão sistemática que reuniu 33 artigos relatando achados de imagem para 3.110 indivíduos assintomáticos mostrou que alterações como degeneração discal aumentam com a idade, indo de 37% aos 20 anos até 96% aos 80 anos. Alterações como sinal de disco, abaulamentos e protrusões também são comuns mesmo sem sintoma.

Outro estudo identificou que bulging disc (abaulamento discal) ocorre entre 20% em adultos jovens e acima de 75% em pessoas acima de 70 anos, muitas vezes sem manifestarem dor.

Recente pesquisa divulgada no jornal BMC Sports Science, Medicine and Rehabilitation mostrou que entre adolescentes atletas de alto rendimento (futebol), 83 % apresentaram alguma patologia lombar em ressonância, principalmente degeneração discal, ainda sem sintomas.

Crescimento exponencial dos exames de imagem

Nos Estados Unidos, de 2000 a 2009, o uso ambulatorial de ressonância magnética e tomografia aumentou de 64,3 para 109,1 a cada mil pessoas, quase dobrando. Em outros locais, como Taiwan, houve crescimento contínuo do uso de TC e RM especialmente em idosos. Foi o que comprovou um estudo retrospectivo de coorte populacional sobre o uso de imagens médicas por indivíduos que receberam atendimento pelo sistema Nacional de Seguro de Saúde de 2000 a 2017.

No Canadá, entre 1990 e 2009, o número de aparelhos saltou de 19 para 266, e a realização de exames de imagem, incluindo RM, aumentou 100%. Esses números ilustram que a tecnologia avançou, mas junto com ela surgiu o risco de uso prematuro ou desnecessário.

Interpretação equivocada: associação versus causalidade

A identificação de alterações estruturais é frequentemente entendida como causa absoluta dos sintomas, mas isso é um erro clássico: associação não é igual a causalidade. Muitas dessas alterações são variantes anatômicas normais, sobretudo com o avanço da idade. 

Essa abordagem pode induzir um efeito Nocebo, fazendo com que o paciente passe a acreditar que só haverá alívio dos sintomas com intervenções invasivas, e se sente privado de outras opções e de sua própria autonomia.

Perspectiva das 5 Leis Biológicas

Segundo as 5 Leis Biológicas do Dr. Hamer, sintomas e alterações podem decorrer da ativação de programas biológicos especiais de sobrevivência. Em outras palavras, podem nascer a partir de uma reação natural do organismo frente a situações inesperadas ou de estresse, por exemplo.

Estas respostas tem como sentido biológico adaptar e preparar tais estruturas para possíveis enfrentamentos no futuro. A comunicação incorreta de exames (que gera medo e pânico) ou a leitura do laudo por parte do paciente (que não conhece as 5 leis) pode desencadear novas ativações de programas especiais, especialmente o que o Dr. Hamer chamou de “conflitos locais”, agravando a condição e cronificando. Esta cronificação local é retroalimentada pela crença da pessoa de que esta região não é mais válida, ou que não se sente valorizada e capaz nesta região, tornando-se um trilho (trigger).

Em outro artigo, podemos explorar como exatamente os conflitos biológicos se manifestam e interagem com o efeito Nocebo.

Conclusão

Exames de imagem detectam alterações comuns em assintomáticos. Degeneração, protrusões e hérnias na coluna são frequentemente naturais e não necessariamente patológicas.

O uso desses exames aumentou dramaticamente nas últimas décadas, muitas vezes sem indicação clara.

Interpretar essas alterações como causa direta do sintoma pode gerar Nocebo e iatrogenia, limitando as possibilidades de tratamento e autonomia do paciente.

As 5 Leis Biológicas oferecem uma lente para entender essas dinâmicas, chamando atenção para a importância do contexto biológico e emocional na leitura dos exames, que, por sua vez, são complementares e servem para corroborar com os testes e hipóteses clínicas.


* Vinicius Stefanelli é fisioterapeuta osteopata, mestre e doutor em Anatomia pela Unicamp e coordenador acadêmico e científico da 5LB Brasil. Estuda as 5 Leis Biológicas desde 2011.

 
Este site coleta dados para proporcionar você uma melhor experiência de uso.
Ao utilizar você concorda
com nossa política de privacidade