Se você não gosta da sua vida, se seu relacionamento com os outros não o satisfaz, se você se vê constantemente preso no mesmo humor incapacitante ou nos sintomas que o deixam estagnado, ficará claro para você que algo precisa mudar… Mas o quê?
Uma mudança é possível, tendo uma nova
visão dos fatos, isto é, uma nova
PERCEPÇÃO das coisas.
Ter uma nova percepção não significa recontá-la a si mesmo, imaginar algo que não existe… Você não é bobo e não acreditaria nisso. Uma nova percepção nasce espontaneamente, observando aquilo que não estava sendo considerado, que você não conseguia notar porque “escondia-se no fundo do seu mundo perceptivo”.
Deixe-me dar um exemplo: durante a Formação Bienal em 5LB, dei como tarefa aos integrantes do grupo fazer uma pesquisa fotográfica sobre a sua família de origem. Uma psicóloga, então, reclama da incumbência, explicando que se sentia muito chateada com seus pais porque eles NUNCA tinham a segurado no colo….
Na reunião seguinte, ela chega ainda mais furiosa. Ao realizar a tarefa, havia descoberto algo terrível: encontrou fotos dela nos braços da mãe e do pai!
Mas… porque ela estava zangada? A conclusão dela foi a de que seus pais só a pegaram no colo para tirar fotos de família…
… Não ria você que me lê agora… Esta mulher, extremamente inteligente, estava há anos tão concentrada na sua dolorosa convicção, que qualquer exceção que surgia devia ser “manipulada” de modo a não modificar sua história de base…
Assim fazemos todos nós e fazemos sempre!
Na nossa história, há nossas feridas, com base nas quais organizamos nossas identidades.
É impossível questioná-las a não ser que:
Assim foi como ocorreu com aquela psicóloga no curso de formação…
Não tentei convencê-la, apenas inseri a dúvida, sublinhando-a com uma frase que endossa a identidade nascida dessa ferida: “e em todo caso nunca saberemos porque se trata do passado…”.
Livre de julgamento, sem ter que aderir ou refutar a minha afirmação, a dúvida deixou marcas: rompeu o esquema rígido ao qual a pessoa estava presa, permitindo que outras memórias emergirem.
As exceções vêm à consciência e modificam a percepção
da minha história pessoal, justo o suficiente
para que eu possa encontrar novos recursos e possibilidades