André Chediek e Vinicius Stefanelli*
As 5 Leis Biológicas (5LB) são frequentemente debatidas quanto à sua natureza – seria uma técnica de tratamento ou uma abordagem terapêutica? É comum ouvir profissionais da saúde afirmarem que “trataram com as 5 LB” ou que preferem utilizá-las em determinados casos, enquanto recorrem a outras técnicas em outros.
No entanto, é fundamental compreender que as 5LB não são uma técnica em si, mas sim um modelo científico que revela, de maneira precisa, as conexões entre a psique, o cérebro e as mudanças orgânicas no corpo humano.
O verdadeiro valor desse descobrimento no campo médico-biológico, estudado e desenvolvido durante décadas pelo médico alemão Dr. Ryke Geerd Hamer, reside em fornecer uma compreensão precisa dos programas com sentido biológico que ocorrem no corpo humano em resposta a situações desafiadoras que colocam em risco nossa sobrevivência e dos membros do “nosso grupo”.
Em vez de ser uma técnica de intervenção direta, esse modelo científico permite que profissionais de saúde, como fisioterapeutas, psicólogos, médicos e terapeutas, utilizem diferentes métodos e técnicas terapêuticas de forma mais alinhada com a sua área profissional, suas ferramentas e recursos de atuação, voltadas para cada pessoa que os procuram, respeitando sua individualidade, crenças, visão de mundo e percepção biológica.
Por exemplo, um fisioterapeuta pode utilizar o conhecimento das 5 Leis Biológicas para orientar suas abordagens terapêuticas, aplicando técnicas fisioterapêuticas de maneira mais coerente com a biologia do paciente. Da mesma forma, um psicólogo pode enriquecer sua avaliação e diagnóstico com o conhecimento das 5LB, o que lhe permite escolher as técnicas terapêuticas mais apropriadas para tratar seu paciente de forma precisa.
Médicos também podem se beneficiar das 5 Leis Biológicas, já que elas permitem um novo olhar para relação saúde-doença. Este novo olhar permite uma nova compreensão dos sinais e sintomas que podem se manifestar em cada organismo e, com isso, ressignificar os “rótulos” diagnósticos e o tratamento a ser proposto.
Isso não quer dizer que o médico precisará abrir mão do que já aprendeu até então ou abandonar sua carreira, suas técnicas e os recursos de intervenção para atuar com as 5 leis biológicas. Ao contrário, poderá continuar medicando, orientando, realizando cirurgias e todos outros procedimentos que está habituado, porém agora com uma nova compreensão de como e porquê esses processos orgânicos estão acontecendo; e a partir deste “novo lugar”, eleger de maneira respeitosa e coerente o melhor procedimento para cada caso.
E é possível tratar com as 5 Leis Biológicas?
Quando afirmamos que “tratamos com as 5 Leis Biológicas”, no entanto, é essencial entender que esse tratamento não se refere diretamente ao uso das 5LB como uma técnica terapêutica, mas sim, usar os princípios das 5LB para obter uma compreensão mais profunda do que está ocorrendo com o paciente.
A partir dessa compreensão, os profissionais de saúde podem, então, aplicar suas respectivas abordagens terapêuticas, conforme o conhecimento de cada um, sejam elas quais forem.
É importante ter em mente que o uso indevido ou precipitado das 5 Leis Biológicas, logo revelando ao paciente o sentido de seus sintomas, pode assustá-lo e até ser prejudicial para o tratamento.
Sabemos que a clareza e precisão dessas leis podem parecer tentadoras, mas ao comunicar o “sentido” do que está acontecendo, os profissionais de saúde podem inadvertidamente agravar a situação do paciente, que muitas vezes não está preparado e pode não possuir os recursos necessários para lidar com tais informações, deixando-o ainda mais imerso em seu processo de doença. Isso pode resultar em um ciclo vicioso de intensificação do sofrimento do paciente.
É como se, no afã de ajudar a quem está no escuro, jogássemos um farol alto direto no rosto da pessoa. Ótimas intenções, mas péssimos resultados. Esse afrontamento, muitas vezes, acaba deixando-a ainda mais desnorteada, frágil e sem saída. E, bem conhecendo as 5 Leis, sabemos o quanto esses programas de se sentir “sem saída”, “incapaz” e/ou “fora do lugar”, “sem apoio”, “sem referência”, são componentes fundamentais no aumento da intensidade e do estado dos processos que já estão em curso.
Por isso, é essencial lembrarmos aqui o princípio da bioética, “Primum Non Nocere“, que significa “primeiro, não causar dano”. Devemos ter confiança na capacidade inata do corpo humano de se curar, mas ser responsáveis ao usar o conhecimento das 5LB de maneira apropriada. Isso envolve respeitar o estado do paciente e criar um vínculo de confiança, em vez de impor interpretações complexas em um momento de grande estresse.
Cada indivíduo é único, e nem todos têm a capacidade de assimilar imediatamente o conhecimento das 5 Leis. Portanto, cabe aos profissionais de saúde identificarem a melhor maneira de comunicar e aplicar esse conhecimento, respeitando o estado emocional e a capacidade de compreensão de cada um.
Em resumo, as 5 Leis Biológicas são um modelo científico valioso que oferece insights profundos sobre a interação entre mente, corpo e “doença”, mas não são uma técnica. É possível, contudo, usá-las de forma terapêutica, mas isso requer responsabilidade e sensibilidade por parte dos profissionais de saúde, a fim de promover o bem-estar das pessoas que o procuram, respeitando sua compreensão de saúde e “doença” e, logo, jornada única de ‘cura’.
*André Chediek é fisioterapeuta osteopata, constelador familiar e coordenador acadêmico da 5LB Brasil. Estuda as 5 Leis Biológicas desde 2010.
* Vinicius Stefanelli é fisioterapeuta osteopata, mestre e doutor em Anatomia e coordenador acadêmico e científico da 5LB Brasil. Estuda as 5 Leis Biológicas desde 2011.