A sagrada relação entre terapeuta e cliente segundo as 5 Leis Biológicas

André Chediek*

Em um processo terapêutico, não deve haver espaço para julgamentos, nem para o desejo de estar certo ou ser a peça central da jornada de alguém. Há, sim, espaço para o encontro. Um encontro profundo entre dois seres humanos – um que busca apoio e outro que se coloca a serviço. É sobre isso que falamos quando nos referimos ao vínculo entre terapeuta e cliente dentro da abordagem das 5 Leis Biológicas.

Mais do que um conjunto de conceitos, as 5 Leis Biológicas propõem uma nova forma de olhar para a saúde, para o corpo e para a vida. Uma forma que pede presença, escuta e, acima de tudo, respeito pelo processo único de cada pessoa.

O terapeuta como acompanhante, não protagonista

É comum – e compreensível – que, ao adquirir um conhecimento potente como o das 5 Leis Biológicas, surja o impulso de querer “salvar” o outro. Mas esse é um dos maiores desvios que um terapeuta pode cometer – e que pode até trazer consequências impactantes para aquele que o procurou pedindo um atendimento.

É importante se colocar ao lado dele como um acompanhante mesmo, sem tomar decisões no lugar dele. E aqui vale uma reflexão:

Você já parou para pensar que, ao decidir pelo outro, ao escolher por ele, podemos estar alimentando algo perigoso? Será que, no fundo, não estamos dizendo – mesmo sem querer – que ele não é capaz? Ou ainda pior: que ele não é capaz sem você?

Será que, ao não permitir que o outro assuma a própria responsabilidade, estamos realmente confiando na força dele? Ou será que, de alguma forma, queremos manter o privilégio de sermos indispensáveis?

O verdadeiro trabalho não está em decidir pelo outro, nem em fazer por ele, mas em caminhar ao lado dele, reconhecendo sua sabedoria biológica, sua força interior e sua capacidade de se responsabilizar pela própria saúde, pela própria história.

Nesse sentido, o terapeuta não é guru, adivinho nem juiz. Ele é alguém que compreende o valor do silêncio, da escuta e da sintonia. Alguém que em sua postura reconhece que só é possível ajudar de verdade quando se reconhece a autonomia do outro.

Um lugar sagrado

A escuta das dores de alguém, quando feita a partir das 5 Leis Biológicas, nos coloca diante de algo muito íntimo: o que chamamos de “animal interno”, ou seja, as respostas instintivas e biológicas que regem nossos comportamentos, sintomas e reações. A aproximação com esse lugar é sagrada. Exige cuidado, disponibilidade e a permissão explícita (consenso) de quem nos procura.

Esse espaço de confiança não deve jamais ser invadido por interpretações apressadas, julgamentos ou o desejo (egóico/heróico) de “acertar o diagnóstico”. Ele deve ser habitado com zelo e entrega — com a consciência clara de que estamos a serviço.

Trampolim, não muleta

Se o terapeuta não tiver cuidado, pode cair em armadilhas perigosas: a de acreditar que o outro não é capaz ou, pior, que não é capaz sem ele. Isso fragiliza o processo e mina a autoconfiança de quem busca ajuda. Em vez disso, o convite é para sermos trampolins — estruturas de impulso que ajudam o outro a saltar, e não muletas que o mantêm dependente. Oferecer corregulação que permita ao cliente segurança e treino de habilidades suficientes a seguir os caminhos da sua biologia.

O vínculo terapêutico se constrói na medida em que reconhecemos o outro como protagonista do próprio processo. Nossa função é acolher suas dores, desejos, medos e crenças, e oferecer estratégias que o ajudem a habitar de maneira mais regulada, se fortalecendo. Não há atalhos. Há escuta, presença e confiança. 

A responsabilidade de quem acompanha

Claro que, ao acompanhar alguém nessa travessia, há uma responsabilidade imensa. Não a responsabilidade de salvar ou conduzir, mas de manter o compromisso com a ética, a clareza e o respeito ao outro. As 5 Leis Biológicas não são um manual para decifrar o outro, ou desvendar este ou aquele sintoma, mas uma lente que nos ajuda a compreender com mais profundidade o que se passa dentro de nós e dos que nos cercam.

Por isso, esse conhecimento não pode ser transmitido ou aplicado de forma leviana. Ele exige maturidade emocional, consistência e um compromisso real com o crescimento – tanto do terapeuta quanto do cliente.

Uma caminhada heroica

No fim das contas, o propósito das 5 Leis Biológicas é nos tornar mais livres, mais conscientes, mais responsáveis. É um chamado à autonomia: sentir, pensar e agir com presença, assumindo as rédeas da própria vida.

Não é um caminho simples. E quem disse que seria? Mas é, sem dúvida, uma jornada heroica. E só pode começar quando há um encontro sincero, paciente e acolhedor entre quem busca e quem acompanha. Entre duas humanidades que se reconhecem, se respeitam e se fortalecem.

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*André Chediek é fisioterapeuta osteopata, Somatic Experiencing Practitioner (SEP), constelador familiar sistêmico e coordenador acadêmico da 5LB Brasil. Estuda as 5 Leis Biológicas há 15 anos.

Esses e outros tópicos são abordados e desenvolvidos em nossa Formação Continuada – durante o acompanhamento, passo a passo, são criados espaços de integração desse conhecimento, transformando os conteúdos em experiências. Se quiser saber mais, envie uma mensagem para rodrigo@consciênciaursos.com.br e vamos conversar, ou visite nosso site e conheça a jornada de conhecimento que preparamos com muito carinho para percorrermos juntos!

 
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